terça-feira, 21 de setembro de 2010

Fundo do Poço



Os anos passavam tranquilamente, o sol brilhava radiante dia após dia, em abundância vinham os carinhos e afetos dos amigos, sorrisos fartos se perdiam como ventos nas colinas.

Era a vida dos sonhos, como uma linda pintura feita em uma tela branca, com tintas vivas e fortes.

Mas os sonhos mudam, como um piscar de olhos tudo se transformou, passando de um lindo sonho para um pesadelo.

Logo aquele ser, dono de uma vida maravilhosa, se viu ali, deitado em meio a escuridão, sozinho, sem seus supostos amigos e com muito medo do que poderia vir pela frente. Com cuidado, passou a conhecer o local através de suas mãos, aos poucos notou que estava caído no fundo de um poço.

Com o passar dos dias nada que fazia o tirava daquela situação, tudo era em vão. Em muitos momentos a solidão era sua única companhia, a angústia e a ansiedade presentes em seu peito como uma tatuagem feita na própria pele.

O abatimento era visível, estava ali, estampado em sua face, ardendo em seu olhar triste.

A derrota nunca passou perto de sua vida, mas agora estava ali, assombrando os seus dias, presente em diversas madrugadas de insônia, onde os pensamentos viajavam pelo mundo afora em busca de uma saída.

No fundo de sua alma existia ainda viva a coragem para lutar, o que lhe motivou a se levantar e tentar escalar a saída daquele lugar sombrio.

Por diversas vezes, já perto de se reerguer, de se jogar para fora daquela situação em que se encontrava, foi jogado novamente para o fundo do poço, voltando a ser massacrado pela memória e lembranças que tanto o atormentam.

A fé nunca se ausentou, era uma fonte de energia para a alma, uma forma de esperança que fazia revigorar todas as suas forças, fazendo reerguer o seu corpo já surrado de tantas batalhas, para uma nova luta.

Em um dia, esbaldado de tanta fé se colocou novamente em pé, com os punhos carregados de otimismo, começou a escalar. O sacrifício era imenso, a dor presente, espinhos por todo o caminho faziam mudar suas atitudes e até mesmo de direção. Por muitas vezes pensou em desistir, mas, uma voz em seu coração pedia para continuar, logo se viu a beira da saída, a liberdade de tudo o que tinha vivido no passado estava próxima, eram apenas mais alguns passos e se libertar totalmente daquelas amarras e alcançar a vitória.

Quando em um passo em falso, seu corpo começa a deslizar novamente rumo ao fundo do poço, seu olhar era de desespero, gritos ecoavam pedindo ajuda, suas mãos esticadas buscavam ajuda, quando uma delas foi agarrada fortemente por uma outra mão. O apoio veio quando ele mais precisava, ajudando a sair por completo daquele inferno, aliviando sua alma de tanto sofrimento.

Foi então, que seu olhar buscou por quem lhe ajudou, quem naquele momento o apoiou e em meio ao brilho do sol, seu olhar revelou a presença de seu melhor amigo, o que sempre esteve presente em todas as dificuldades, mesmo que às vezes mantendo distância, seu Pai.

Autor: Luciano Caetano
Esta crônica foi feita para o site PSVsite e publicada no dia 20/09. Link aqui

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